Autora: Kristin Hannah
Título Original: The Great Alone
Páginas: 400
Ano: 2018
Editora: Arqueiro

Atormentado desde que voltou da Guerra do Vietnã, Ernt Allbright decide se mudar com a família para um local isolado no Alasca.
Sua esposa, Cora, é capaz de fazer qualquer coisa pelo homem que ama, inclusive segui-lo até o desconhecido. A filha de 13 anos, Leni, também quer acreditar que a nova terra trará um futuro melhor.
Num primeiro momento, o Alasca parece ser a resposta para tudo. Ali, os longos dias ensolarados e a generosidade dos habitantes locais compensam o despreparo dos Allbrights e os recursos cada vez mais escassos.
Porém, o Alasca não transforma as pessoas, ele apenas revela sua essência. E Ernt precisa enfrentar a escuridão de sua alma, ainda mais sombria que o inverno rigoroso. Em sua pequena cabana coberta de neve, com noites que duram 18 horas, Leni e a mãe percebem a terrível verdade: as ameaças do lado de fora são muito menos assustadoras que o perigo dentro de casa.
A grande solidão é um retrato da fragilidade e da resistência humana. Uma bela e tocante história sobre amor e perda, sobre o instinto de sobrevivência e o aspecto selvagem que habita tanto o homem quanto a natureza.

Leni é uma garota que está entrando na adolescência. Com treze anos está aprendendo que a vida é muito mais difícil do que algumas pessoas acreditam ser. Desde cedo ela muda de cidade em cidade e desde que o pai voltara da guerra do Vietnã a frequência de seus ataques e da violência faz com que ela precise saber como se portar em dias ruins.

Cora ama seu marido como uma obsessão. Fugiu com ele aos dezessete anos, grávida e sem ter sequer onde ficar. Seus pais não aceitaram de forma alguma a união e assim Cora sabia que tinha que decidir entre o amor de sua vida e sua família. Casou-se e em seguida tinha no colo Leni, ou Leonora, uma menina linda de cabelos ruivos.





"O pai bateu nela outra vez, com mais força. Quando a mãe atingiu a parede, ele olhou para baixo, viu o sangue nos nós de seus dedos e o encarou.
Um uivo agudo e triste de dor irrompeu dele, ecoando nas paredes de troncos. O pai cambaleou para trás, afastando-se. Lançou para a mãe um olhar longo e desesperado de tristeza e ódio, em seguida saiu correndo da cabana, batendo a porta às suas costas." P. 117



Ernet Allbright era sedutor. Um mecânico que sonhava com uma bela família. Tudo corria bem até precisar ir para lutar no Vietnã. A guerra não é o que se espera e lá foi feito refém por anos e torturado diariamente. Quando voltou, os pesadelos e a tristeza tomaram conta de seu corpo e sua mente.

Agora a pequena família vivia na escuridão. Procurando uma saída, Ernet recebe um pedaço de terra no Alasca, em Kaneq, em uma ilha remota onde não há eletricidade, hospital ou quase nenhuma população. Mas ao saber da notícia o que ele vê é uma saída para a felicidade. E então os três rumam para o quase fim do mundo.

"Trabalhando duro depois da escola e nos fins de semana, Leni devia estar dormindo como pedra, mas não conseguia. Noite após noite, ficava deitada acordada, preocupada. Seu medo e sua ansiedade em relação ao mundo tinham sido aguçados como uma ponta de faca." P. 103

O que não esperavam era que o Alasca tivesse seus dias de inverno quase totalmente no escuro e assim o pior lado do pai voltasse à tona.



Como interpretar toda a emoção e sentimento que Kristin Hannah coloca em A Grande Solidão? Cada vez que começo a escrever sobre um livro dela fico pensando nos livros anteriores que li e tenho sempre a mesma sensação de que ela consegue captar cada pedacinho da convivência entre as pessoas, seja ela familiar, amorosa, amigável. Ela desperta um conjunto de emoções do início ao fim da leitura.

 


Sempre tive medo do Alasca. Os filmes ou livros que leio ou assisto sobre mostram um lugar difícil, frio, selvagem. E aqui em A Grande Solidão é tudo isto e um pouco mais. Melhor, muito mais. A época é os anos setenta, então uma ilha mais remota sem quase nada de tecnologia, é somente para pessoas muito fortes. O lugar onde a história se passa é um misto de beleza extraordinária e medo constante.

"Tentou dizer a si mesma que aquilo não significava nada. Mas, quando Matthew olhou para ela, sentiu uma palpitação. Ela pensou: Nós poderíamos ser amigos. E não o tipo de amigo que pegava o mesmo ônibus ou comia à mesma mesa." P. 61

A autora soube captar a beleza de uma forma única. É como fechar os olhos e conseguir sentir até o perfume das folhas, o gelo no corpo, a mudança da noite para o dia. É uma descrição detalhada e única marcante e característica da autora.






"O verão terminou tão depressa quanto havia começado. O outono no Alasca era menos uma estação e mais um instante, uma transição. A chuva começou a cair e não parou, transformando o solo em lama, afogando a península, caindo em cortinas cinzentas. 





Partindo para a questão emocional o livro traz o assunto sobre o abuso familiar, o romance destrutivo, a violência doméstica. Aborda de uma forma bem direta e forte o tema. Mas não vitimiza. Mostra os lados reais da história e concordei totalmente com a forma da escrita, pois conheço casos e são resumidos assim. 

Mas não é somente sobre isto. É sobre amor, sobre amizade e sobre destino. Sobre escolhas difíceis. Basicamente vai falar sobre a personagem de Leni desde seus treze anos, seu sofrimento, as descobertas da vida no Alasca e como ela decidiu cada momento.



É uma mensagem linda sobre amor sim, mesmo que mostre sobre a violência, mas a superação exalta a obra. Da metade para o final eu queria abraçar o livro e não terminar com medo de me afastar daquele pedacinho de mundo, daquelas pessoas que mesmo sem muito resolviam viver intensamente.

A Grande Solidão é como muitos chamam o Alasca. Mas nesta obra Kristin Hannah mostra que de solidão Leni com certeza não viveu. Maravilhoso!





2 Comentários

  1. OI, Greice,

    Estou um pouco sumida aqui dos comentários, mas achei deliciosa essa sua resenha. Uma história para pessoas fortes e de pessoas fortes! Eu li um dos livros dessa autora, Jardim de Inverno e ela parece realmente conhecer muito sobre a dureza dos relacionamentos, principalmente quando as pessoas estão muito machucadas. Fiquei com mais vontade de ler "A grande solidão". Vamos ver se eu consigo comprar e ler logo! Resenha maravilhosa! Parece que entramos no livro!
    Grande abraço,
    Drica.

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    1. Oi Adri, este livro é muito bom mesmo, eu amo as histórias da Kristin porque são fortes e marcantes.

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